Transformação digital e sobrevivência em tempos de pandemia

A transformação digital tão falada nos negócios e no mundo corporativo pode estar vivendo o momento mais decisivo desde a existência deste conceito.

Este é o melhor momento para transformar a empresa e os negócios analógicos em digitais, abandonando a estrutura de décadas de existência e até de sucesso.

É muito difícil reinventar um negócio!

Você já se imaginou chegando na linha de produção e dizendo que agora nós vamos deixar de fazer máquinas de escrever e vamos produzir softwares? Ou melhor, vamos deixar de comprar e abrir lojas de locação de filmes e vamos gerar conteúdo on-line?

Esses foram alguns dos dilemas vividos por líderes antes da era digital.

Muitos não conseguiram entender que o propósito da empresa estava além do produto ou da linha de produção.

Propósito tem a ver com um conceito já batido e desgastado, mas, que ainda faz diferença, que é a “boa e velha missão”: para que eu existo? O que seria do mundo se eu não existisse?

Muitos líderes podem ter dificuldade de responder a essa pergunta em seus negócios, e isso pode ser muito grave.

A principal gravidade é que ainda não conseguimos no mundo corporativo, atingir níveis de profundidade de missão e propósito; temos, mas não compreendemos.

Isso mesmo!

Sabemos a missão e o propósito da empresa, mas não conseguimos fazer com que eles estejam presentes na operação e nos procedimentos.

Lembro-me de ter ministrado uma formação para líderes em uma grande empresa de educação, cujo propósito era “Transformar a vida das pessoas, através da Educação”.

Belo propósito, mas como fazemos para colocá-lo em prática?

Recordo-me de ter feito uma pergunta para os líderes: se eles seguiam propósitos ou processos?

Quando um aluno que se formou solicita um diploma, o prazo do processo para expiação é de 45 dias, mas ele vai fazer uma prova de títulos e precisa do diploma em 20 dias, o que você cumpre? Processo ou Propósito?

Para refletir propósito nos processos é preciso mais do que conscientização: é preciso método e ferramenta.

Não basta desenvolver um aplicativo, mas continuar com os mesmos processos analógicos por trás das experiências digitais dos clientes, e o que é mais grave, mindset analógico.

As Startups tratam isso de forma misturada, ou seja, o propósito está junto com os processos digitais e vice-versa. É até difícil identificar o que vem primeiro: se são os processos ou os propósitos nestes modelos de negócios.

Eles nascem a partir de uma solução de um problema da sociedade que exige muita visão de processos e tecnologia para atender um propósito legítimo.

Percebe? Está tudo misturado e conectado, ao mesmo tempo.

As universidades ainda ensinam, de forma cartesiana, primeiro a definição de uma missão respondendo à pergunta do “por que?”; depois visão para saber “para onde?”; logo em seguida objetivos para definição do “o que?”; e, na sequência, focam no orçamento para saber “o quanto?”, para aí sim chegar aos processos e pessoas com a identificação do “como e quem?”; e, por fim, desenvolver uma cultura e clima.

As startups trabalham inicialmente com três dessas perguntas: Por que? Como? e Quem?

Focam no problema que querem resolver na sociedade, através dos processos que precisam desenvolver para isso, contando com as habilidades existentes na equipe fundadora da ideia e talvez uma mentoria. E depois, testam isso. Funcionando, eles vão pensar em orçamento, objetivos, visão e por aí vai.

Agora imagina para as empresas extremamente analógicas e cartesianas olharem para uma Pandemia dessa e resolver forçadamente fazer Home Office? Muitas não sabem nem como direcionar seus times! Não possuem absolutamente nada digital, sem acesso aos sistemas fora das instalações, lojas isoladas de estruturas de e-commerce e por aí vai.

A internet surgiu em 1969 e foi tomando força e disseminação nas décadas de 80 e 90.

Hoje muitas escolas ainda permanecem 100% analógicas e, neste momento, de pandemia, simplesmente param totalmente o seu processo de ensino por não terem plataformas capazes de prover conhecimentos, aulas e dinâmicas de aprendizagem.

O varejo investiu em E-commerce, mas ainda temos empresas que não conseguem efetuar suas vendas on-line. Temos ferramentas, mas não temos lideranças com mindset digital.

Três pilares da transformação digital

Temos três pilares que precisam ser fortes para uma transformação digital ter sucesso, são eles: Propósito, Ferramentas e Mindset Digital.

Se formos capazes de trabalharmos com ferramentas digitais, como ERPs -Enterprise Resource Planning (Sistema de Gestão Integrada) na Web, Work Management Platform (Plataforma de Gerenciamento de Trabalho), Backups na Nuvem (Repositório de arquivos on-line e colaborativo), Ferramentas de Videoconferência e toda e qualquer ferramenta que proporcione mais integração entre as equipes e menos descolamento, vamos começar a criar uma cultura de autogerenciamento entre as pessoas.

Talvez esse seja o início de uma nova era onde a dor pode ensinar lideranças a olharem em tudo que fazem para os propósitos organizacionais, desde a reunião da diretoria até as operações mais elementares de seus negócios.

Neste momento é preciso o Mindset Digital, sabendo que as lideranças precisam confiar em suas equipes e vice-versa.

Proporcionando uma visão voltada para resultados, mais do que cumprimento de protocolos corporativos.

O mercado não tem mais tempo para burocracias que não geram valor e fazem parte única e exclusivamente na corporação, não fazendo nenhum tipo de diferença na vida dos clientes, da sociedade e dos colaboradores.

Se as lideranças conseguirem se abrir para o novo com foco na implantação de fato de uma empresa digital, podemos experienciar o surgimento de equipes que produzem remotamente, com desempenho e entrega de valor, com processos sendo os coordenadores, sem a dependência de supervisão direta.

Equipes cujo a gestão esteja na padronização de processos digitais e não, na supervisão direta. Esta é a chave para sobrevivência na era digital.